terça-feira, 22 de abril de 2008

Atualizaçoes...

Dia 18 agora teve tourada aqui perto de casa.
Quando eu tava indo pra Barceloneta, de bicicleta, passei ali na frente da praça de touros. Sério, parecia o Beira Rio em dia de Gre-Nal. Ou pior, porque o número de carros e camburoes policiais, e a quantidade de "mossos da esquadra" que tinha ali na frente chegava a ser assustadora!
O motivo era já esperado, nada de novidade: uma baita manifestaçao contra touradas. Pelo visto nao deu a merda que poderia, talvez até pelo fato de a polícia estar bem presente, com os dentes à mostra.
Ontem fiz uma noite típica de Barcelona, mas que, até entao, eu nao tinha feito ainda.
Saí da pizzaria pouco antes da meia-noite, com o Marcelo, um dos donos da pizzaria, o Nino, um dos cozinheiros, e mais 3 gurias americanas que tavam lá, clientes. Fomos no Absinta, um barzinho bem bacana ali perto da pizzaria, na Barceloneta mesmo. Tava tudo muito bom, muito bacana, até que o Marcelo, já bebum, mete a lingua na orelha de uma delas, que se assusta e sutilmente convence as outras a irem embora.
Nisso, nós 3 vamos pra outro barzinho lá perto, onde conhecemos 3 alemas, um portugues, um italiano, uma italiana, um ingles, um catalao e um venezuelano. Quando o bar fecha, saímos de lá e vamos pra outro bar, tb na Barceloneta. Toda essa galera com a gente. O catalao fazendo strip pra uma mulher que tava no bar, mas no meio da rua: "Nao procura mais, eu to aqui! olha eu!! me deseja!!" e enquanto falava isso, rebolava e ia tirando o chapéu, o casaco.... e amulher bem séria. Até que ele parou, pegou a roupa que tava no chao e falou pra ela, meio sério: "poxa, tu tem que concordar que isso tem sua graça....pelo menos um sorrisinho eu mereço né?" Ganhou o sorriso dela e um aplauso de todo mundo por volta.
Mais um bar que fecha, nisso metade da galera se dispersa, entre eles os meus dois conhecidos, que vao embora. Sigo com os remanescentes e vamos pra um bar candestino que o portugues conhecia, no Born. Chegamos na frente, um bar normal, mas fechado. Aquela cortinona de metal baixada, luzes apagadas.....mas o português bate na porta de metal e no mesmo momento abre um buraquinho minusculo nessa porta, onde alguem nos vê. rapidamente um velho gordo abre a porta e manda a gente entrar rápido, pra que ninguem nos visse.
Lá dentro, um climao. Meia dúzia de bebuns, uns ingleses num canto, e do lado da gente, uma mesa com um catalao e um americano que trovavam duas suecas. Lá pelas tantas uma dessas suecas se levanta em direcao ao banheiro, mas olhando fixo pro portugues da nossa mesa. Ele se desculpa e vai atrás. 40 minutos depois, voltam os dois.
E assim segue a noite: todo mundo meio bebum, meio com sono, os dois da outra mesa seguem trovando as suecas, o portugues volta e trova a alema-ninguem-merece, o ingles me aluga falando de teorias revolucionárias que vao mudar o mundo, mas que, cuidado....se ELES descobrem, nos matam!
6 e pouco, vamos embora. O catalao e o americano ficam só na trova, provam que a história da lentidao deles é real. Os Portugues-hablantes acompanham as loiras pra casa.

Hoje, dia 23 de abril, é um dia especial aqui na Catalunya. Principal motivo: a proximidade do meu cumpleaños. Segundo motivo: é dia de Saint Jordi.
Uma espécie de dia dos namorados, onde os homens presenteiam "las sevas donas" com rosas, e as mulheres dao livros pros seus respectivos.
Diz a minha profa de catalao que tudo começou há muitos anos, em uma cidade medieval cercada por uma muralha e com uma grande porta de entrada, que todo ano era visitada por um dragao (que em Catalao se diz DRAC). A cidade oferecia sempre um animal pra saciar o apetite do dragao. Ele matava a fome e só voltava depois de um ano, quando recebia outro animal, e assim sucetivamente. (ou sussetivamente? nao sei.)
Só que um dia, como nessa cidade os animais devem ser todos estéreis ou celibatários, os animais terminaram! Pois começaram a oferecer pessoas ao dragao. Tipo aquela história do índio do cachimbo da paz, lá do seu Gabriel o Pensador, sorteavam todo ano uma pessoa, que era sacrificada na boca do Dragao.
Certo ano, a sorteada foi a princesinha, tadinha. Tao meiguinha, limpinha, barbiezinha, ia ser comida pelo dragao. Hm.... mas até que a idéia nao parecia de toda ruim.... imagina: uma cidade medieval, dragoes, castelos, armaduras....ela praticamente já vivia dentro de um clipe de dark metal. Só nao usava camisetas do Angra porque os camelôs ainda nao tinham chegado na cidade dela. Ela ia, finalmente, se livrar daqueles vestidinhos rosa-bebê, daquelas roupas cor-pastel que o rei, seu papi, deveria comprar lá na TOK do Iguatemi...
E chega o grande dia!
Ela, bem faceira, se prepara para o grande momento. Bota a lingerie vermelha que roubou de uma camponesa e se dirige ao portao da cidade. O dragao já tava lá, esperando. E quando ele começa a baixar as calç....digo, quando ele se prepara para devorar a pobre menininha, eis que surge, mais veloz que uma flecha, mais forte que o pink bombado, mais ágil que o Hike tocando guitarra de destro, ele! Saint Jordi!
Cavalgando seu belo e forte alazao (ui!), com uma baita espada na mao (ui! denovo), fere mortalmente o monstro bobo e feio que queria maltratar a coitadinha da princesa!
Neste exato momento, o som de Back in Black, do ACDC, é interrompido pelo forte som de uma agulha arranhando um vinil, e o silêncio absoluto, onde a única coisa que se escuta é o som das folhas das árvores balançando com o vento, o uivo dos lobos de dentro da floresta, o ranger de algumas janelas abrindo e fechando pela cidade, uma véia cozinheira cantando a musica do wando em alguma casa, uma criança muito chata gritando de fome, uma tv ligada no Raul Gil (nao me perguntem como tinha isso numa cidade medieval...tava lá....) e, é claro, o som ensurdecedor de uma solitária lágrima que despencou suavemente pelo rosto da para sempre virgem e meiguinha princesa da cidade!
Essa lágrima caiu exatamente sobre a ferida do dragao, que estava morto no chao. Se misturou com o sangue do monstro feio e bobo, e a mistura resultou em um maravilhoso e imenso campo de rosas! De aí em diante, na história, restam as dúvidas do que aconteceu e uma provável certeza: se Saint Jordi era catalao, ele nao ficou com a princesa.

Dessa história LEVEMENTE alterada por mim é que vem a tradicao de dar rosas às mulheres, nesse dia. E os livros pros homens, se entendi direito, é pq nesse mesmo dia, mas em anos diferentes, morreram alguns escritores muito importantes aqui na Catalunya.

Nao é só o blog do Forneck (cujo link está ali do lado) que é cultura!

Domingo tem almoço aqui em casa, de aniversário. Só chegar.

4 comentários:

Cassiano disse...

Muito bom texto meu heheheh.
porra tu é o ñ bebente mais forte que eu conheço sem duvida!
e os escritores que morreram hj foram o Cervantes e o Sheakspeare em 1600 e sei la o que.
ABRAÇAO!

acabouonescau disse...

ahahaha
a tua versao da "lenda" eh bem mais interessante...

Bares clandestinos devem ser coisas de portugues, em lisboa eu conheci 2...
um deles nao podia falar dentro do bar... tinham varios jogos cmo xadrez, dama, jogos de carta em cima das mesas, uma pastinha com varias musicas e violoes espalhados pelo bar, qualquer um podia tocar, mas tinha que ser as musicas da pastinha e tinha que cantar sussurrando e, na hora de bater palmas, nao podia... a galerea esfregava uma mao na outra... muito bizarro... mas afude!

Olha... vou ficar devendo a visita no teu niver... mas ja desejo os parabens...

Bjao

Bruna Espinosa disse...

nossa...se nao te conhece diria que tu fumou um certo antes de escrever isso!
Tok e Raul Gil foi foda hein? Te puxou!
Quanto aos livros...que forçada essa historia de que morreram no mesmo dia! hahahahaha Só mais uma desculpa pra datas comerciais... tsc tsc tsc

Mas a historia é bonitinha...pelo menos enchem de rosas a cidade : )

Anônimo disse...

putz neto, o que tu anda tomando por ai...acho que tão colocando AC na tua coca-cola.
beleza meu guri, grande abraço e parabens pelo aniver...
abração
alemão